Blog posts

Cultura japonesa: o teatro Yumehina de bonecos

Cultura japonesa: o teatro Yumehina de bonecos

Brasil, Japão

Conheça o teatro de bonecos da companhia Yumehina de Michika Iida, uma forma de arte que incorpora elementos tradicionais e contemporâneos da cultura japonesa; criando algo novo, contudo, que parece ter sempre existido. No final de semana dos dias 12 e 13 de março foi exibido no teatro FECAP, em São Paulo, o espetáculo da companhia. O Viver a Viagem esteve lá e compartilha com você um pouco dessa bela arte.

No espetáculo foram apresentadas três peças: Rokka (A Mulher da Neve), Kaze (A Deusa do Vento e o Imperador Criança) e Keshin (A Encarnação). Foi proibido fotografar e filmar o espetáculo. Assim sendo, as fotos que ilustram o post são do site oficial e blog da artista.

Lindo, sensível e delicado

Michika é a única sucessora do mestre Hoichi Okamoto, fundador do grupo Hyakki Dondoro e perpetua sua arte através do Hyakki Yumehina.

yumehina2

O Hyakki Dondoro e a cultura japonesa

O Hyakki Dondoro foi um grupo fundado em Tóquio em 1974 por Hoichi Okamoto. Seu estilo único incorpora bonecos do tamanho natural contracenando com seu criador. Hyakki significa espíritos sem limites e representa a ideia de que o boneco é um recipiente oco que recebe o espírito do ser humano.

Hoichi Okamoto, criador do Hyakki Dondoro. Parte da cultura japoensa
Hoichi Okamoto, o fundador da escola[1]

A técnica combina elementos do bunraku e nô (formas de teatro tradicionais japonesas) a elementos do butô (forma de teatro contemporâneo japonês)[2].

Do nô vieram as máscaras; do bunraku os bonecos – entretanto, articulados apenas pelo criador; e do butô os movimentos fortes e a pintura branca pelo corpo todo. Os enredos das peças têm como base o folclore japonês. É interessante constatar como algo tão rico em referências tradicionais – e relativamente novo: 1974 – pode parecer tão antigo.

butoh, cultura japonesa, dança, dança contemporânea
Kazuo Ohno, criador do butoh[3]
noh, cultura japonesa
Apresentação de noh[4]

Michika Iichida e o Dondoro

Natural de Kagoshima, uma província no sul do Japão, Michika teve sua vida mudada aos 25 anos, quando ao assistir um documentário sobre o mestro Hoichi Okamoto se apaixonou pela sua energia nas performances. Fascinada, compareceu a inúmeras de suas apresentações e largou seu emprego para se juntar ao grupo Hyakki Dondoro.

Como integrante, participou da criação das peças e dos bonecos, assim como esteve em apresentações em diversos países da Europa e inclusive no Brasil[5].

Teatro Yumehina, o teatro de bonecos de Michika Iida

Em 2001, seguindo o próprio estilo criou o Yume Ningyo Hiina para exteriorizar seu próprio universo. Em 2006, já independente do Dondoro, trilhou seu caminho e consquistou novas fronteiras com a confecção e manipulação de seus bonecos e peças. Em 2010, com o falecimento de Okamoto, passou a adotar o nome de Hyakki Yumehina.

Hyakki Yumehina de Michika Iida, uma das expressões da cultura japonesa
Personagem de utsukagura, uma das peças de Michika Iida[6]
Hyakki Yumehina de Michika Iida, uma das expressões da cultura japonesa.
Cena de Keshin, uma das peças de Michika Iida[7]
Hyakki Yumehina de Michika Iida, uma das expressões da cultura japonesa.
Mulher da neve, ser mitológico e com muitas referências na cultura japonesa também é o personagem principal de rokka, uma das peças de Michika Iida[8]
Hyakki Yumehina de Michika Iida, uma das expressões da cultura japonesa.
Personagem de manjusaka, uma das peças de Michika Iida[9]
Hyakki Yumehina de Michika Iida, uma das expressões da cultura japonesa.
Personagem de utsukagura, uma das peças de Michika Iida[10]
Hyakki Yumehina de Michika Iida, uma das expressões da cultura japonesa.
Personagens de Nekohime Kugutsumai, uma das peças de Michika Iida[11]
Hyakki Yumehina de Michika Iida, uma das expressões da cultura japonesa.
Personagens de Hanazangetsu, uma das peças de Michika Iida[12]

Ficou interessado pela arte e pelas peças? Há um vídeo de Nekohime Kugutsu Mai (A dança da Princesa Gato) e Manjushaka (A Flor do Equinócio), duas de suas peças, disponível no Asia Socienty.

Confira também, parte de uma apresentação de 2008 em Leipzig, encenada pelo mestre Okamoto Hoichi.

Seja São Paulo seja Japão, faça sua reserva através do Viver a Viagem e ajude a manter o blog. Não custa nenhum centavo a mais para você.

Foto da capa[13]

CC-BY-NC

Referências e Notas Explicativas[+]

About the author

Sou fotógrafo, moro em São Paulo e já estive em 16 países. O Viver a Viagem é meu projeto pessoal e vai além de dicas triviais; quero proporcionar uma imersão cultural e ajudar você a viajar com um olhar diferente.