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Monte Namsan e a Torre de Seul

Monte Namsan e a Torre de Seul

Coréia do Sul

Quer uma vista arrebatedora de Seul e ver partes da muralha que há séculos cerca a cidade? Conheça Namsan, uma montanha de grande importância histórica no centro da capital.

Há alguns anos vi uma foto de Seul feita em 1894 e fiquei impressionado com a homogeneidade dos telhados, parecendo um grande tapete fundindo-se às montanhas ao fundo. A foto fora tirada de cima do Namdaemun – um dos oito portões de entrada da antiga cidade murada.

Quando visitasse a cidade gostaria de comparar a foto antiga à vista atual e ver como a capital mudara nesses mais de 100 anos. Pois bem, não é possível subir no Namdaemun e se fosse, provavelmente não veria as montanhas com tantos prédios que foram erguidos. Consegui uma vista parecida no Monte Namsan.

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Vista de cima do Namdeamun. Foto: Daum blog
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Seul em 1945, último ano da ocupação japonesa. Seul, Korea as viewed from a hill in December 1945. Foto: Don O’Brien (CC BY 2.0)
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Vista do Monte Namsan. Foto: Alexandre Disaro

Adoro mudar a perspectiva e ver a cidade de cima. Pessoas, carros e trens parecem compor uma cidade de brinquedo. No alto do Namsan, a 243m do nível do mar, tem-se uma vista panorâmica de 360°. Apesar de seu nome significar Montanha do Sul, hoje está geograficamente no coração da metrópole devido ao grande crescimento.

Durante a Dinastia Joseon (1392-1910) a capital fora movida de Kaesong (atualmente na Coréia do Norte) para Hanyang (atual Seul). Para protege-la de invasões fora erguida uma muralha que passava pelas quatro principais montanhas que cercam a cidade: BukaksanInwangsanNaksan e Namsan. Adivinha qual era o ponto mais ao sul da fortaleza? Exatamente, o Namsan.

O Monte foi o principal centro de defesa e nele encontram-se cinco chaminés (chamadas de bongsudae) que funcionavam como um sistema de alerta.

Atualmente, é o maior parque de Seul e abriga algumas atrações interessantes como: trilhas, teleférico panorâmico, deques, um pavilhão coreano, a Torre de Seul, partes da muralha e um bongsudae. Sua base abriga uma vila tradicional que funciona como museu a céu aberto (Namsangol Hanok Village), o Teatro Nacional da Coréia e a Biblioteca de Namsan.

Mapa atual do Namsan

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Mapa do Namsan.

Torre de Seul

A Torre de Seul fica no topo do Monte, tem 236m e foi concluída em 1971 para servir como torre de transmissão. Em 1980 fora aberta ao público para visitação e desde então tornou-se um dos cartões postais e pontos mais visitados da cidade.

Em 2005 passou por um grande projeto de revitalização e iluminação acrescentando a letra N ao seu nome, significando “new, nature, Namsan“. Passou a chamar-se N Seoul Tower (N 서울타워). Lá de cima a vista é linda, ainda mais quando combinada com o por do sol e o anoitecer.

É possível entender o quão vasta e espalhada é Seul. Some os 243m do Namsan aos 236m da torre e você tem uma vista panorâmica a 469m do nível do mar! Por falar nele, é possível vê-lo olhando em direção a Incheon (cidade onde se localiza o aeroporto internacional).

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N Seoul Tower durante o dia. Foto: Alexandre Disaro
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N Seoul Tower e suas texturas à noite. Foto: Alexandre Disaro

Pavilhão octogonal

O pavilhão não é tão antigo quanto parece. Foi construído em 1959 para homenagear Lee Seung Mahn, o primeiro presidente da Coréia do Sul. Foi demolido em 1960 e reconstruído em 1968. Além de monumento comemorativo serve como mirante.

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N Seoul Tower ao fundo, pavilhão octagonal Palgakjeong e  silhueta do Lufe Gomes. Foto: Alexandre Disaro

Deques e arredores

Nos entornos da torre é possível encontrar deques para observação, lojas de souvenir cheias de bugigangas, love benches (bancos em forma de V para os namorados ficarem juntinhos), uma infinidade de cadeados do amor e fast-food. Na torre há três restaurantes.

Não fui em nenhum deles. Sugiro gastar seu dinheiro num restaurantes autêntico ou mesmo com as comidinhas de rua de Seul.

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Cadeados em um dos deques ao redor da Torre de Seul. Foto: Alexandre Disaro
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Aguardando o por do sol ao lado da Torre. Foto: Alexandre Disaro
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Rio Han e a ilha de Yeouidong ao fundo. Foto: Alexandre Disaro
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Últimos instantes antes de sumir nas montanhas. Foto: Alexandre Disaro
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Yoeuidong ao anoitecer. Foto: Alexandre Disaro
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Descendo as escadas que acompanham a muralha da cidade. Vista para a região central de um dos observatórios. Foto: Alexandre Disaro
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Vista da região central de um dos observatórios junto à muralha da cidade. Foto: Alexandre Disaro

Bongsudae

Lembra das cinco chaminés que mencionei logo no início, os bongsudae? É possível encontrá-las logo na frente da torre. Este sistema foi usado por muito tempo para mandar mensagens à peninsula através de tochas (bong) durante à noite e fumaça (su) durante o dia.

bongsudae do Namsan fora implementado assim que a capital migrara para Hanyang (atual Seul) durante o terceiro ano do reinado do Rei Taejo (1394), na dinastia Jeoson. Foram construídas cinco chaminés para enviar informações ao rei. Uma chaminé acesa, indicava normalidade; duas, um inimigo aparecera; três, o inimigo estava próximo à fronteira; quatro, o inimigo invadira a fronteira; e cinco, a batalha com o inimigo começara.

bongsudae do Namsan serviu de central para todos os demais da península coreana, já que estava próximo ao rei. No auge da Dinastia havia 673 bongsu operando por toda a península. Relatos históricos contam que era necessário 12 horas para uma mensagem viajar de Seul a Busan (500km de distância).

O sistema foi usado até 1894. Fez a mesma conexão que eu? Sim, no ano em que a primeira foto do post foi feita o sistema secular ainda operava enviando e recebendo informações políticas e militares. A primeira vista pode ser algo pequeno e passar despercebido. Quando vi pela primeira vez fiquei sem entender para que servia. Descobri quando cheguei em casa e fiquei impressionado com a inventividade do povo à época.

Originalmente havia mais estações de bongsudae no Namsan. Entretanto, foram destruídas com o curso do tempo. As atuais chaminés foram reconstruídas em 1993. Desde 2007 a cerimônia vem sendo realizada diariamente das 11h30 até 12h30, exceto às segundas-feiras.

O evento começa com o patrulhamento da guarda. Ao meio dia os soldados do bongsu dão início à cerimônia com o soar do nagak (instrumento de sopro feito com uma concha). Ao meio dia também o sino do Bosingak é tocado 12 vezes e uma chaminé é acesa em conformidade às regras antigas (uma chaminé significava normalidade).

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Nagak sendo soprado. Foto: Alexandre Disaro
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Foto de encenação da guarda enviando sinais de fumaça do Bongsudae no topo do Namsan. Foto: blog ligilo

Visite o Namsan durante o ano inteiro. Caminhe por suas trilhas, escadarias e acompanhe parte da muralha que um dia cercou a cidade inteira, veja as folhas mudarem de cor no outono, as flores de cerejeira se exibirem na primavera, suba na Torre de Seul durante o dia e durante à noite, presencie a cerimônia no bongsudae e admire a rica pintura do pavilhão octogonal.

Site

www.nseoultower.co.kr
Site em inglês para mais informações

Hora de funcionamento

(Observatório) de segunda à quinta + domingo: das 10h às 23h
(Observatório) sexta e sábado: das 10h às 24h

Quanto custa?

Teleférico

Você pode chegar de três maneiras: 1) carro; 2) teleférico; ou 3) ônibus. Eu preferi ir de metro até Myeong-dong, de lá caminhar até o teleférico.

Adultos (14-64 anos) paga-se ₩8000 a ida e a volta; ₩6000 o trecho.
Crianças e idosos (4-13 e 65 anos ou mais) paga-se ₩5000 a ida e a volta; ₩3,500 só um trecho.

Observatório N Seoul Tower

Adultos (13-64 anos) paga-se ₩9000
Crianças e idosos (3-12 e 65 anos ou mais) paga-se ₩7000

 Como chegar?

Pegue a linha 4 e desça na estação Myeong-dong. Saia pela saída 3. Pegue a rua à direita e siga as indicações até chegar ao teleférico. Este foi o jeito que escolhi.

 

É possível também chegar de ônibus:  Namsan Sunhwan Shuttle Bus (número 02, 03 ou 05).

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Print do Naver (o buscador mais popular na Coréia do Sul)
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Linha 05
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Reserve seu hotel em Seul.

 

About the author

Sou fotógrafo, moro em São Paulo e já estive em 16 países. O Viver a Viagem é meu projeto pessoal e vai além de dicas triviais; quero proporcionar uma imersão cultural e ajudar você a viajar com um olhar diferente.