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Ryujin onsen uma joia nas montanhas japonesas

Ryujin onsen uma joia nas montanhas japonesas

Japão

Ryujin onsen é bem conhecida entre os japoneses por ser uma das três melhores fontes termais do Japão para beleza. Está escondida nas montanhas do Monte Gomadan. O Viver a Viagem visitou este incrível lugar e divide a experiência com você.

Está situada no coração da península de Kii; entre o caminho de Kumano Kodo, o Monte Koya e as cidades de Osaka, Nara e Wakayama. Quioto também não está longe, apenas a 15 ou 30 minutos de Osaka. Apesar da proximidade com algumas das cidades mais visitadas do Japão, seu isolamento nas montanhas faz do recanto um pouco desconhecido entre os turistas. Por lá só se fala japonês. Nem adianta arriscar o inglês.

Parti do Monte Koya e fui descendo de ônibus até chegar na onsen. O trajeto é lindo. Estrada sinuosa percorrida em baixa velocidade e recoberta de folhas de outono. Oportunidade perfeita para contemplar a natureza e apreciar uma paisagem diferente das que vemos por aqui.

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Caminho entre o Monte Koya e Ryujin Onsen[1]
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Cores de outono no caminho[2]
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Parada em Gomadanzan para trocar de ônibus[3]
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Bem vindo a Ryujin Onsen[4]
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Rio Hidagawa[5]

Fiquei hospedado em Shimogoten, uma das duas ryokans mais antigas da vila; construída em 1647 às ordens de  Yorinobu Tokugawa (à época, o senhor feudal da região) como um lugar para ele relaxar.

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Quarto tradicional[6]
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Da janela do quarto, vista para o rio Hidagawa[7]

Fiquei um bom tempo na janela apenas escutando o rio, observando o vento a balançar as árvores e as folhas a cairem. Ao ar puro se misturava o cheiro delicioso da palha do tatami. Estava onde sempre quis estar.

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Rotenburo[8]

As águas da região são também conhecidas por amaciar a pele, tratar nevralgia, feridas e queimaduras. Se ingerida, ajuda no tratamento gastrointestinal e hepático. A temperatura é de 48ºC o que a torna realmente quente. Confesso que foi um pouco difícil entrar e me acostumar. É quente a ponto de subir a pressão e deixar qualquer um tonto. Fora d’água o frio das últimas semanas do outono não dava trégua.

Leia o post Tudo sobre as fontes termais do Japão e saiba o que fazer numa onsen.

O dia passa devagar e você o degusta sem pressa. Banho de água termal, yukata (roupão de algodão para se usar na ryokan), caminhada pela cidade, outro banho. Cai a noite e chega a hora do jantar. E que jantar!

Comer numa ryokan é uma experiência que todos devem ter ao passar pelo Japão. É maravilhoso tudo que engloba esta vivência: a localização da ryokan, o silêncio e o clima, a barreira linguística, a tradição, o cuidado na preservação da cultura, os alimentos sazonais da região, as diferentes louças para comportar cada prato e o carinho e atenção com os quais você é servido. Só de lembrar já dá vontade de retornar.

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Jantar incrível![9]
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Sashimi de peixe fresco, do rio Hidagawa. Repare na grade de metal. Ela separa os sashimis da água que se forma com o derretimento do gelo[10]
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Myoga e um docinho de feijão envolto numa folha, remetendo a uma gota de orvalho[11]
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Ume (ameixa curtida) e algumas partes de peixe[12]
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Goma tofu – típico da região[13]

Por falar em sazonalidade e louças, você reparou nas cores e padronagens das louças? Elas remetem ao outono, assim como o papel de presente dentro das gavetinhas e os ramos usados para decoração. Note na delicadeza do contorno vermelho das folhas. O carinho e o empenho em surpreender com sutilezas é um luxo.

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Wagyu (carne de boi japonês) em cama de cogumelos preparada no richô[14]
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Yuba (pele de tofu) e umeshu (licor de ameixa)[15]
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Sopa de cogumelos e folhas da região[16]
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Unagi (enguia) de água doce, também da região[17]
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Peixe do rio Hidagawa. Não sabia, mas os japoneses adoram comer as  barbatanas super crocantes[18]

Em 2003 a região serviu de cenário para um livro de Kazuo Oga, diretor de arte dos Estúdios Ghibli – dos filmes Meu Vizinho Totoro e A Viagem de Chihio. O livro se chama Nezuten e conta a história de dois rapazes nos anos 50 que queriam ganhar muito dinheiro em cima das raposas e guaxinins vendendo tempurá de rato – o nome vem de nezumi no tenpura que significa tenpura de rato.

Ambos escutaram pessoas que frequentavam as onsens de Ryujin dizer que à noite as raposas e guaxinins carregando uma truta pintada gigante e saiam para comprar tempurá de ratos para comer – é a comida favorita deles. Enxergando uma oportunidade de fazer dinheiro, os amigos passaram meio ano juntando ratos, compram a panela e o óleo de fritura mais baratos e seguiram para Ryujin de ônibus, partindo de Kii Tanabe.

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Os amigos na onsen[19]
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Raposas carregando a Grande Truta Pintada[20]
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A costa de Kii Tanabe[21]
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O caminho[22]
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Entardecer no Monte Gomadan[23]
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Trilha ao lado do rio Hidagawa[24]
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Rio Hidagawa[25]

O livro mostra a trajetória dos companheiros em belíssimos cenários pintados em aquarela.

Ao me despedir de Ryujin segui caminho para Kii Tanabe, no sentido oposto dos rapazes. Depois de ter folhado o livro não pude deixar de imaginar uma aventura dessas realmente acontecendo. Por um momento me vi fazendo parte de um livro.

Como chegar?

De Osaka: vá de trem até Kii Tanabe e lá troque por um ônibus em direção a Gomadanzan. Salte em Ryujin Onsen;

De Wakayama: vá de trem até Kii Tanabe e lá troque por um ônibus em direção a Gomadanzan. Salte em Ryujin Onsen;

Do Monte Koya: pegue o ônibus em direção a Gomadanzan e ao chegar lá, troque pelo ônibus com direção a Kii Tanabe. Salte em Ryujin Onsen.

Confira os horário dos ônibus entre o Monte Koya e Kii Tanabe

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Referências e Notas Explicativas[+]

About the author

Sou fotógrafo, moro em São Paulo e já estive em 16 países. O Viver a Viagem é meu projeto pessoal e vai além de dicas triviais; quero proporcionar uma imersão cultural e ajudar você a viajar com um olhar diferente.